Pelos dados que, hoje, se conseguem obter, em primeiro lugar, pelas gravações existentes na “Bandeira” e na “Coroa” e, em segundo lugar, por informações recebidas de familiares, há muito falecidos, este “império” ou “irmandade”, como lhe queiram chamar, foi instituído em 1906.
Embora sendo poucas as informações que, hoje, se possui sobre este império/irmandade, conseguiu-se apurar que, entre outros, os seus primeiros e principais fundadores foram os senhores: Joaquim Pereira Cardoso, Luis Machado Pamplona e José Urbano Andrade.
Com certeza que, com estes senhores, muitas outras pessoas da época deverão ter contribuído para a aquisição das suas insígnias que são: a “Bandeira”, confecionada em pano de seda vermelha ou grená, com o símbolo da “Pomba”, que simboliza o “Espírito Santo”; a “Coroa”, feita em prata real, com gravações alusivas ao Espírito Santo, com o respetivo “prato”, também em prata, que suporta a “Coroa”; o “Cetro” também em prata, encimado com a “Pomba” do Divino; o “Espadim”, em prata e em formato de uma espada pequena e, por último, as quatro varas em madeira polida e envernizada que, no cortejo, formam um quadrado.
Como ainda é tradição, a festa em si contava com os “arraiais”, com ornamentações efetuadas com bandeiras coloridas, galhardetes em papel de diversas cores, com a presença das filarmónicas locais, distribuição de pães e depois com os bolos chamados de “véspera”, os foguetes e as arrematações das dádivas da população.
No seu início, os ditos arraiais realizavam-se no Jardim Municipal de Velas, com início na quarta-feira anterior, à noite, para depois na quinta-feira, se realizar o cortejo para a Igreja Matriz, onde era celebrada a Eucaristia e a respetiva “Coroação”. De seguida, realizava-se, novamente, o cortejo até ao Jardim Municipal onde, em casa ou “nos baixos de casa” emprestada pelos amigos e vizinhos, se recolhiam as insígnias.
Mais para a noite, começavam os concertos das filarmónicas que contribuíam para a festa e os mordomos distribuíam pão benzido pelo pároco da Matriz de Velas a todas as pessoas presentes na festa. Passados muitos anos, o pão foi substituído pelos tradicionais “bolos de véspera”. Atualmente, os mordomos oferecem a toda a população massa, queijo e vinho.
Tudo quanto se relatou é habitual em todos os “impérios” ou “irmandades” locais.
Com o passar dos tempos, seguiram-se outros administradores ou “mordomos”, nomeadamente os senhores: Silvério Avelar Júnior, Manuel Bettencourt da Silveira, João Inácio da Silveira, Manuel Viegas da Silveira, José Emitério da Silveira, Henrique Freitas Andrade, além de outros, cujos nomes não se consegue obter.
Como acontece em todas as organizações, mais tarde, veio a decadência e a falta de colaboradores, facto que levou a que, durante alguns anos, o administrador e organizador das festas fosse apenas o Senhor Henrique Freitas Andrade, por sinal, filho de um fundador, o Senhor José Urbano de Andrade.
A partir do ano de 1983, em virtude da então Câmara Municipal ter proibido a realização destas “Festas” no Jardim Municipal, estas passaram a ter lugar na atual e ampla “Avenida do Livramento”. Depois do Senhor Henrique Freitas Andrade ficou como administrador da festa o Senhor Mozart Bettencourt Gambão, de saudosa memória para os seus companheiros e amigos. Com ele, muitos moradores daquela zona urbana formaram uma “comissão” que, até à presente data, promove os festejos em louvor do Divino Espírito Santo.
Por razões de natureza organizacional e de conjugação com a Igreja Matriz das Velas, a festa passou, há vários anos, a realizar-se no segundo sábado e domingo, após a celebração das festas do “Império da Santíssima Trindade”.
Futuramente este “império” ou “irmandade” irá legalizar-se como associação, com estatutos próprios que darão, finalmente, o nome correto ao “Império da Quinta-feira do Espírito Santo” ou outro que seja do consenso dos Mordomos e dos Associados.