Festa do Divino Espírito Santo do Ribeirão da Ilha

País: Brasil
Região: Santa Catarina
Local: FLORIANÓPOLIS
Morada: Rua Alberto Cavalheiro, 238, CEP 88064-670 - Ribeirão da Ilha (próx. Igreja Nossa Senhora da Lapa)
Telefone: 48-999530492
E-mail: matrizdalapa@gmail.com
Fundador: Irmandade do Divino Espírito Santo da Paróquia de Nossa Senhora da Lapa do Ribeirão da Ilha
Festa proposta por:
Nome: Casa dos Açores Ilha de Santa Catarina - CAISC
E-mail: caisc.ilha@gmail.com

A Vila do Ribeirão da Ilha teve o seu início nos primeiros anos da Capitania, quando Manoel de Vargas Rodrigues, com Provisão Episcopal de 13 de setembro de 1763, edificou, para a sua família e vizinhanças, num sítio da sua propriedade, na localidade então conhecida como “Simplício”, hoje Barro Vermelho, uma Capela sob a invocação de Nossa Senhora da Lapa. O próprio Manoel de Vargas mandou vir a imagem de Nossa Senhora da Lapa.

A Igreja foi construída entre 1763 e 1806 pelos senhores e seus escravos, com pedra, cal e azeite de baleia, vindo da Armação.

Segundo Almeida Coelho, no Governo do Coronel Joaquim Xavier Curado (1800-1806), os moradores do Ribeirão iniciaram, no local onde ainda hoje se encontram, as obras de um belo templo medindo 125 palmos de comprimento e três altares. A sagração do referido templo aconteceu no dia 2 de fevereiro de 1806.

Ao invés de ser elevada à categoria de Freguesia, a 24 de janeiro de 1807, uma Provisão do Cabido do Rio de Janeiro, elevava a Igreja de Nossa Senhora da Lapa à categoria de Capela Curada, com Capelão residente, mas com a condição da comunidade local contribuir com côngruas para a manutenção do mesmo. Foi nomeado Cura o catarinense Pe. Dr. Caetano de Araújo Figueiredo Mendonça Furtado.

Tornou-se Freguesia, por uma Resolução de 19 de janeiro de 1809 e Provisão Episcopal de 15 de novembro do mesmo ano.

Elevada à categoria de Paróquia, o seu primeiro pároco foi o Padre Tomaz Francisco da Costa, filho de uma importante fa­mília da Capitania.

Em 1839, passou ao estatuto de Vila e, em 1900, tornou-se Distri­to do Ribeirão da Ilha.

Tem como sede a Vila Nossa Senhora da Lapa do Ribeirão ou, sim­plesmente, Ribeirão da Ilha.

Ao lado da Igreja Matriz, na mesma época de sua edificação, foi construído o Império do Divino Espírito Santo, uma arquitetura sin­gular que conserva, ainda hoje, o seu traçado ori­ginal.

Cabe referenciar que por ocasião da visita à Província de Santa Catarina, em outubro de 1845, Suas Majestades Imperiais, Dom Pedro e Dona Thereza Maria Christina, estiveram na Igreja Nossa Senhora da Lapa e doaram à paróquia 400$000 (quatrocentos mil réis) para reparos no templo e compra de alfaias. Por esse motivo, acredita-se que a cele­bração do Espírito Santo no Ribeirão da Ilha seja anterior à augusta visita, dada a religio­sidade e os costumes socioculturais açoria­nos mantidos pelos habitantes desde a sua fun­dação.

Registos jornalísticos publicados em julho de 1959, por Franklin Cascaes:

Nove dias antes da festa, o imperador levava da igreja para a sua casa a salva com a Coroa e o Cetro, acompanhado pelos irmãos, as duas ban­deiras, os foliões e o povo e dava início ao novenário que se prolongava até sexta-feira daquela semana da festa. (…)

No sábado da festa um pouco antes da novena, os irmãos usando opas vermelhas, com velas ace­sas, a diretoria da irmandade, o sacerdote, os fo­liões, a música e o Povo, partiam da Igreja com destino à casa do Imperador (…) e era feito o con­vite para ir até a igreja assistir à novena e dar início aos festejos do Divino.

Sua alteza aceitava o convite e acompanhado pela esposa e sua comitiva, tomava lugar no cen­tro do cortejo e  dirigiam-se para a igreja. (…)

No passado, existia a Guarda Imperial, for­mada por quatro “vereadores” ou “brilhadores” que levavam as varas do quadro e por três pa­jens que levavam a coroa, salva e uma espada embainhada. O Imperador com a sua mulher e os pajens iam no quadro formado pelas varas enfeitadas com fitas. Atrás seguiam as Bandei­ras, o Provedor, membros da Irmandade, o pa­dre, os foliões e o povo. Os foliões tinham um papel destacado, eram eles que orientavam o ritual sacro-profano no cortejo, dentro da Igre­ja, no Império, na casa do Imperador, pelas ruas e praças, no sábado e no domingo da Festa, entoando a sua cantoria em louvor ao Divino.

Era costume, também, no domingo de ma­nhã, depois do terço, o Imperador distribuir alimentos aos pobres da freguesia. Inclusive, muitos Imperadores seguiam à risca a tradi­ção da partilha do “bodo”. Mandavam abater dois ou mais bois e doavam a carne entre as famílias do lugar, um costume que há muito tempo deixou de ser praticado.

Ainda foram introduzidos os personagens do “Impe­rador-mirim” e da “Imperatriz-mirim” que, junto com os pajens e damas, constituem a Corte Imperial. O Imperador e a sua mulher for­mam o “Casal Imperador” e são responsáveis pela realização da festa. Noutras localida­des são denominados de “Casal Festeiro”.

Ao chegarem à Capela do Divino as moças colocam as Bandeiras ao lado do altar.

Os Pagens sentam-se nas cadeiras do trono. O Imperador entrega o Cetro para o Imperador-Mirim e a Espada para a Imperatriz-Mirim e coloca a Salva com a Coroa sobre o altar entre flores e ve­las acesas. Ambas as crianças usam roupagens reais.

Os fiéis ostentando as suas promessas ajoelham-se em frente ao menino Imperador, beijam o Cetro e depositam as suas oferendas no altar ao pé da Coroa, ainda beijam as duas Bandeiras.

Na praça fronteiriça à Igreja e ao Império, que se acha soberbamente ornamentada com pal­meiras, arcos de bambú, bandeiras de pano e de papel, flores, etc., reina grande alegria entre o povo que veio homenagear o Divino Espírito Santo. (…)

As arrematações são das promessas que o Di­vino recebeu no Império, e consistem em cabeças, pés, mãos, pernas, braços, corpo, etc., de massa, e tam­bém, de ovos, aves, animais, frutas, objetos apregoa­dos por leiloeiros afamados do lugar, sempre com muito humorismo. (…)

Depois da queima dos fogos de artifício, o Im­perador com toda a sua comitiva voltava a sua residência e faziam orações ao Divino diante do Altar montado em sua casa para receber a Salva com a Coroa, o Cetro e a Espada, e as Bandeiras.

Um olhar sobre a Festa nos dias atuais revela a existência de práticas coletivas de se comemorar o Divino que nos remetem à tradição açoriana ainda sobreviven­te e que a caracteriza como uma das mais au­tênticas manifestações religiosas do municí­pio.

Logo após o domingo da Páscoa, começa o périplo da Bandeira peditória, percorrendo a Armação, o Morro das Pedras, Pedregal, Ta­Ipera, Barro Vermelho, Freguesia do Ribeirão, Sitio do Ribeirão, Costeira do Ribeirão, Caiacangaçu, Tapera da Barra do Sul, Caieira da Barra do Sul, Naufragados. Acompanha a Ban­deira do Divino um grupo de quatro pessoas. Uma leva a Bandeira, outra a salva, uma ter­ceira representa a Irmandade e a quarta leva o tambor anunciando a chegada e a partida. A Caieira da Barra do Sul é a única comunidade que conserva o costume do “pernoite” da Bandeira e a realização da novena cantada na casa em que ela pernoitar.

O Grupo da Folia do Divino foi formado há quase trinta anos.

Hoje, retomou-se o costume antigo e as novenas realizam-se tanto nas comunidades, quanto na casa do Imperador.

À Comissão Administrativa Económica Paroquial e ao Casal Imperador, responsáveis pela realização da festa, competem o planea­mento e organização dos festejos. A Corte Im­perial é formada por crianças da comunida­de convidadas pelo Imperador e, geralmente, o Imperador-menino e a Imperatriz-menina são crianças ou adolescentes da sua família.

É uma festa dispendiosa, com despesas efetuadas com  o aluguer da roupa da corte, a ornamenta­ção da Igreja, do Império, das ruas, da praça, com a queima de fogos, contratação de “shows” musicais e artistas para animar a noite de sábado e do­mingo. Todos proventos da Festa revertem a favor das obras e manutenção da Paróquia.

http://www.nossasenhoradalapa.org.br

A Festa do Divino Espírito Santo da Paróquia Nossa Senhora da Lapa é realizada na Matriz Nossa Senhora da Lapa na freguesia do Ribeirão da Ilha.


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