O arraial do Saco Grande, bem servido de comunicações – rio, mar e estrada, localizado muito próximo ao coração da cidade, favoreceu, desde o início da ocupação, o desenvolvimento de uma ativa comunidade de pescadores e de pequenas propriedades rurais.
Hoje, o antigo povoado configura os bairros residenciais de João Paulo, Saco Grande e Monte Verde.
Resquícios do povoamento açoriano ainda são visíveis no quotidiano dos seus antigos moradores e presentes nas manifestações culturais da localidade por intermédio de grupos folclóricos, oficinas de renda e artesanato, etc., como a Festa do Divino Espírito Santo realizada na Igreja Matriz de São Francisco Xavier, no bairro de Monte Verde.
A primeira festa realizou-se em 1963.
Tudo começou por iniciativa do “seo Celino”, zelador da capela, e da professora Osmarina Felix, que pediram ao empresário Valdevino Manoel Amaro a doação de uma Coroa e um Cetro para fazerem a Festa do Divino, como acontecia noutras localidades da Ilha. O empresário que já fora pescador, e por ser ligado às tradições da Ilha, tendo inclusive participado na Festa do Espírito Santo em Santo António de Lisboa, concordou em oferecer as alfaias do Espírito Santo bem como a Bandeira do Divino à comunidade e, fazer a primeira festa como Festeiro juntamente com a sua mulher Lindomar Sousa Amaro.
Embora seja uma festa modesta, guarda na sua manifestação a essência da devoção ao Espírito Santo e procura seguir a tradição mantida noutras localidades da Ilha de Santa Catarina.
A Festa, que acontece sempre um mês antes do domingo de Pentecostes, praticamente abre o Ciclo do Divino em Florianópolis. É organizada pelo Casal Festeiro, auxiliado por sete ou mais casais de Mordomos e pela CAEP – Comissão de Assuntos Económicos Paroquial.
Logo após a Páscoa, começa a “Visita da Bandeira” pelos bairros de João Paulo, Saco Grande e Monte Verde com o objetivo de angariar prendas e donativos para os festejos. Coordenado por um casal de Mordomos, seis Bandeiras do Divino realizam o périplo que se caracteriza como um momento de oração, de pedir e de render graças ao Espírito Santo. Não cantam e nem têm foliões; apenas oram e convidam para a Festa. Um tambor anuncia a chegada da Bandeira que é recebida pela família e com ela percorrem todos os quartos da casa, e é levada com especial atenção aos enfermos e idosos. Aqui também é uso doarem-se fitas em pagamento de promessas.
Durante a visita é rezada a seguinte oração:
Familiares desta casa,
Deus aqui vem visitá-los.
Saúde e paz para todos, traz seu Espírito amado.
A todos desta casa vem o Divino abençoar.
E para sua grande festa uma oferta vem buscar.
O Divino lhe agradece a sua bonita acolhida.
Nossa prece e nossos votos são que fiquem sempre unidos.
Salvação e muita paz o Santo Espírito manifesta.
Participem desde agora da sua Divina Festa.
Da programação consta um tríduo de missas, celebradas nos dias que antecedem a festa em louvor ao Espírito Santo. No ano 2005, teve por tema: o Espírito Santo na Vida de Maria de Nazaré; o Espírito Santo e a paz; e o Espírito Santo na Vida da comunidade.
No sábado, por volta das 18 horas, sai o Cortejo Imperial da casa do Casal Festeiro acompanhado pelo pároco, convidados e pela Banda Musical Sociedade Musical Amor à Arte em direção à Igreja Matriz São Francisco Xavier. Durante a celebração da missa, as crianças da comunidade do Maciço do Saco apresentam trabalhos sobre o Espírito Santo realizados nas aulas de catequese.
No domingo pela manhã, novamente o Cortejo Imperial deixa a casa do Casal Festeiro para assistir à missa solene em ação de graças na Igreja Matriz. Durante a celebração, o sacerdote procede à coroação do menino Imperador e, no final da cerimónia, anuncia o Casal Festeiro que será responsável pela realização da festa no ano vindouro.
Observa-se nessa comunidade uma ênfase maior no sentido religioso e no aspeto doutrinário do culto ao Espírito Santo. Os festejos populares têm lugar apenas no sábado à noite e no domingo com a realização de um bingo em benefício da Igreja no Salão Paroquial.
No domingo, o almoço de confraternização assinala o encerramento da Festa do Divino Espírito Santo que, nos bairros de Monte Verde, Saco Grande, já é uma tradição.
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