Festa do Divino Espírito Santo de Indiaroba

País: Brasil
Região: Sergipe
Local: Indiaroba
Morada: Igreja Matriz do Divino Espírito Santo
Telefone: 55+ 79 3543 1240
E-mail: pjf.almeida@hotmail.com
Festa proposta por:
Nome: Katia Maria Araujo Souza

De acordo com  Francisca Maria dos Anjos, na sua monografia de Conclusão de Curso, intitulada a Festa do Divino em Indiaroba-Sergipe, (2009, p.29), a partir da história oral, diz que:

Em dezembro de 1811, por ocasião da festa de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da povoação Feira da Ilha, primitivo nome de Indiaroba, o povo católico de Abadia, na Bahia, compareceu em massa, atravessando o Rio Real. Eles trouxeram para a povoação, a pequena imagem da pomba do Espírito Santo. Quando terminou a festa, os moradores de Abadia, retornavam à Vila, quando um temporal caiu sobre o povoado, em pleno verão, impedindo a viagem dos moradores e da pomba do Espírito Santo. Isso teria acontecido três vezes. Assim que se preparava para voltar a Abadia, caía um temporal. Diante de tal fato, a “Feira da Ilha”, passou a ser conhecida como a Terra do Divino Espírito Santo. A imagem da pomba ficou definitivamente em terras sergipanas. Os moradores passaram a chamar a povoação de Espírito Santo do Rio Real, e ele acabou sendo o padroeiro da povoação.

A Novena

É realizada durante nove dias, na Igreja Matriz, presidida pelo Vigário Paroquial e conta com a participação das pastorais, das representações dos distritos, do Terço dos Homens, etc. Cada noite é da responsabilidade de uma família. No ofertório são doados géneros alimentícios não perecíveis e anteriormente determinados – 1ª. noite – Arroz; 2ª. noite – Açucar; 3ª. noite – Óleo; 4ª. noite – Macarrão; 5ª. noite – Fubá de milho; 6ª. noite –C; 7ª. noite – Leite em pó; 8ª. noite – Feijão e 9ª. noite – Farinha de mandioca. Também são realizados leilões no espaço externo da Igreja para arrecadar dinheiro para a festa. Seguindo a tradição da família, há mais de 100 anos, tem um fazendeiro que manda matar um boi e distribui a carne anonimamente à população mais carente da cidade, de modo a que no dia da festa todos tenham alimentos.

Na última noite da Novena, há uma procissão que sai da Fazenda Maruim, antiga São Pedro, que percorre mais ou menos uns 5 km, com o andor de São Pedro, acompanhada por um grupo popular denominado Samba de Coco, numa reminiscência ao período da escravidão. Cantam e dançam com ramos nas mãos. O caminho é iluminado por fogos denominados de Espadas. É uma mistura de sagrado e profano.

Durante o caminho cantam assim:

Passei por São Pedro        

Tirei o chapéu,

Viva São Pedro,

Chaveiro do Céu.                                    

 

Passei por São Pedro

Tornei a Passar,

Viva São Pedro,

Porteiro do Mar

A Coroação do Divino

De acordo com  Givaldo dos Santos et alii,  num paper do Curso de Educação à distância da Unit, intitulado O Imperador do Divino em Indiaroba/Sergipe  (2009, p.7):

A ideia de participação do Imperador na Festa do Divino foi trazida para Indiaroba, por um padre Inglês, Lawrence Rosorwt, pároco da cidade na década de 80. É ele quem inicia  e dá por encerrados os festejos em honra ao Divino.

 Às 9 horas da manhã, hora provável da descida do espírito santo sobre os apóstolos, cada casa solta um foguete, anunciando simbolicamente a boa nova.

Às 9h30, o imperador, acompanhado pela imperatriz e sentado em uma charrete juntamente com um ajudante que conduz a Coroa,  concentra-se na entrada da cidade, com a guarda de honra montada, onde cada um conduz uma bandeira – a do Divino, a do Brasil, a do Vaticano e a do município, além de outros guardas também montados. Daí, seguem em direção à casa paroquial, onde aguardam as ordens religiosas com os seus estandartes e bandeiras, além dos anjos, com as suas trombetas, cada um representando um dom do Espírito Santo, a saber: Ciência, Conselho, Entendimento, Fortaleza, Piedade, Sabedoria e Temor de Deus. Esse cortejo conta com a presença de três poderes, o Espiritual, representado pelo vigário local, o Temporal, representado pelo Prefeito Municipal e o Social, representado pelos festeiros, (pais do imperador). 

Na porta da Igreja, é recebido pelo Bispo Diocesano, que o coroa e só depois entra na Igreja, onde, num trono colocado para ele e para a imperatriz, assistem à Missa Solene.

A Procissão

Conta com a participação das Irmandades e do povo. O imperador e a imperatriz com seu séquito acompanham a procissão a pé.

Durante o percurso são realizadas 3 paradas:

 A 1ª. na porta do Hospital – é apresentado um doente numa maca. O Imperador, investido do poder do Espírito Santo, impõe o cetro sobre o doente e este levanta-se da maca. Significa: O ESPÍRITO SANTO CURA;

A 2ª. parada é em frente da esquadra da polícia, onde é apresentado um preso, algemado. O Imperador repete o gesto. Impõe sobre o preso o seu cetro e as algemas abrem-se. Significa: O ESPÍRITO SANTO LIBERTA

A 3ª. parada, na porta do Cemitério – O Imperador faz uma oração. Significa: O ESPÍRITO SANTO SALVA.

A imagem do Espírito Santo é conduzida num carro, acompanhada por uma guarda imperial e pela Filarmónica do Divino. Esta iniciou as atividades, por volta de 1912, com a vinda de um padre português, o Padre Abílio, que permanece mais ou menos uns 5 anos no país. Veio para o Brasil fugindo da ditadura e com a saída deste acaba a filarmónica, que retornou no ano 2000 e permanece até agora. Hoje, faz parte da estrutura do poder público municipal e tem sede e uma Escola de Música.

No final da procissão, o vigário paroquial, apresenta o imperador do ano seguinte, que recebe o cetro e a coroa do seu antecessor. A partir daí é ele quem vai, juntamente com os festeiros (seus pais) organizar a próxima festa do Divino. O Bispo Diocesano com a bênção do Santíssimo Sacramento, encerra a programação litúrgica.


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