O Arraial do Pântano do Sul que, nos séculos XVIII e XIX, teve na caça à baleia a sua principal atividade económica, destacou-se em toda Província pela intensidade da captura, produção e comercialização de óleo na sua armação. Da antiga atividade restou a lembrança.
Por muitos anos, o Arraial manteve-se isolado, sem vias de acesso que facilitassem a comunicação com o então Desterro (Centro). A tranquilidade dos dias era quebrada de maio a outubro, época do peixe de corso e da farinhada, dos fandangos, da farra-do-boi e das festividades religiosas que movimentavam toda a freguesia.
Aos poucos, a partir de 1975, esse quadro foi-se transformando e, ao lado das práticas tradicionais e artesanais, o Pântano do Sul foi sendo descoberto pela atividade turística.
O povoamento inicial deu-se com o vinda de famílias açorianas provenientes da Freguesia de Nossa Senhora da Lapa do Ribeirão em virtude da sua crescente expansão e da instalação da Armação e Fazenda de Sant’Anna da Lagoinha, tendo, como padroeira Sant’Anna, erguida por Provisão Régia, de 9 de julho de 1772.
A capela da Armação do Pântano do Sul, dedicada a Sant’Anna, mantém a sua fachada principal original e, hoje, constitui um importante património histórico do município.
Já a Capela de São Pedro, na sede do Distrito, edificada no século XIX, foi derrubada cem anos depois e no seu lugar construída uma outra.
O Arraial do Pântano do Sul, emancipou-se em 1966 com a criação do Distrito do Pântano do Sul, conforme Lei Municipal n° 1042 de 12 de agosto de 1966, e foi instalado a 10 de dezembro de 1967.
Os registos da realização da Festa do Espírito Santo no Pântano do Sul, ainda que recentes, são anteriores à emancipação política do povoado.
A primeira Festa efetuou-se em 1962 e o primeiro Casal Festeiro ou Casal Imperial foi Manoel Vicente Filho, “seu Vidóca”, e Dorvalina Argentina Vicente.
Desde então a Festa realiza-se e a cada ano o culto ao Espírito Santo é vivido de forma intensa e com o envolvimento de toda a comunidade. O Ciclo do Divino inicia-se logo após a Páscoa com a saída da Bandeira do Divino para a visita às casas. No Pântano do Sul, o périplo da Bandeira é chamado “tirar a Bandeira”. O estouro de um foguete de vara avisa a saída, acompanhada de membros da Diretoria da Capela e de um tambor que vai anunciando pelas ruas a sua passagem.
Nas casas, a Bandeira é sempre recebida num clima de alegria e fervor percebido nas doações e inúmeras promessas pagas com fitas multicoloridas que são presas na haste da Bandeira. A Bandeira sai pobre da capela e volta rica, carregada de prendas, donativos e muitas fitas de promessas esvoaçando em seu mastro. É comum os devotos prometerem “tirar a Bandeira” e assim saem para as visitas coletando óbolos.
Uma semana antes tem lugar, a Missa das Alfaias, ocasião em que o Casal de Festeiros recebe do sacerdote as insígnias do Espírito Santo: Coroa, Salva e Cetro, que em procissão, leva-as para a sua casa, depositando-as num altar erguido na sala, onde serão rezadas as novenas.
São três dias de muita festa a partir da sexta-feira ao entardecer, quando é celebrada a Missa Festiva de São Pedro, no Rancho dos Pescadores, localizado à beira do mar. Trata-se de uma inovação na forma de festejar. A comunidade de pescadores associa a festa a São Pedro, o padroeiro, com a festa do Espírito Santo. Neste dia a imagem de São Pedro segue em procissão até à casa do Casal Festeiro, onde se realiza a Novena do Divino Espírito Santo e, de lá, é levada para a Capela. A noite encerra-se com os folguedos populares, barraquinhas, arremates e o Baile do Imperador, no Salão Paroquial.
No sábado, à noite, sai da Capela, em procissão, a imagem de São Pedro até a Casa do Casal Festeiro. Lá, é formado o cortejo imperial com Imperador, Imperatriz, damas e pajens, Casal Festeiro, familiares, convidados, população, a cantoria do Divino, acampanhados por banda musical. O préstito segue para a Capela onde será oficiada a Missa festiva. A festa continua pela noite dentro com espetáculo musical, leilão das massas de promessas, sorteio de prendas, rifas e muita comida e bebida, além de um grande baile no Salão Paroquial. Todos os lucros conseguidos revertem para as obras da Capela de São Pedro.
No domingo, desde cedo, os foguetes estouram. Na porta da Casa dos Festeiros, a Cantoria do Divino aguarda o momento para começar a cantar, orientando o ritual. O momento da coroação do Imperador-menino é um ritual longo que se prolonga por todo dia. No comando, estão os Foliões com sua cantoria.
Pela manhã, o cortejo imperial sai com grande acompanhamento e foguetório, em direção à Capela, para assistir à Missa Solene da Coroação e ao sorteio do novo Casal Festeiro.
Um aspecto interessante a ser notado é o almoço oferecido no domingo. Um momento de partilha, de confraternização. No repartir o pão e o vinho, alegoriza-se o agradecimento pela abundância no mar e a fartura na mesa.
No domingo à tarde, a programação recomeça com a saída em procissão do Cortejo Imperial da casa do Casal Festeiro, tendo à frente as porta-bandeiras, que vão abrindo caminho entre a multidão que se aglomera junto ao trajeto, enfeitado com bandeirolas, na casa do Novo Imperador. A Cantoria do Divino entoa os passos da real transmissão e o Casal Festeiro passa as Alfaias do Divino para o novo Casal Festeiro eleito.
Fecha-se o ciclo, terminando com o tradicional foguetório, dando assim continuidade à tradiçã0.